quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dona Nina e seu Zezé: um amor construído para durar

Nos anos 50, José Sebastião de Oliveira, o Zezé, acabava de servir o Tiro de Guerra, em Uberaba. Simpático, arrumou uma namorada, Eni Ferreira. Com poucos meses de relacionamento, resolveu pedir a moça em noivado. “Eu não gostava dela. Fiquei noivo por ficar”, Zezé se defende.

Emprego na cidade estava difícil arrumar. Eis que surgiu uma proposta de trabalhar na pedreira de Ponte Alta, cidadezinha a 40 km de Uberaba. Sem perder tempo, ele foi embora. Após alguns dias na cidade, conheceu Arlinda de Souza Oliveira, a Nina, por quem logo se encantou.

Ele iniciou um namoro com Nina, mas continuou com a noiva de Uberaba. Naquele tempo, ainda tocava nos bailes nas fazendas, sempre arrumando um rabo de saia para se divertir. “Ele adiantava o relógio quando estava comigo para sair mais cedo e se encontrar com as outras”, conta Nina.

Tudo seguia muito bem para Zezé até que apareceu a sogra de Ponte Alta, que não aceitava o namoro da filha com um negro. Nina lutava pelo amor e, com a ajuda do irmão, Antenor de Souza Gargo, convenceu dona Avelina que Zezé era bom partido e, então, o casal ficou noivo.

O noivado de Uberaba continuava. Até que um dia, Eni descobriu que fazia parte de um triângulo amoroso. Foi até Ponte Alta para esclarecer tudo na sala da casa de Nina. Lá, estavam reunidos Zezé, suas duas noivas e as respectivas sogras. Os noivados foram desfeitos e as alianças devolvidas. “Na hora de entregar as alianças, eu tirei a da Nina do dedo e a da Eni da carteira”, relata Zezé.

A traição não foi o bastante para fazer Nina esquecer o amado. “Eu sabia que ele era mulherengo, sabia da outra noiva, da vida inteira dele, mas eu gostava dele... Gostava não, eu gosto, sou louca por esse homem”, comenta entre suspiros apaixonados. O namoro seguiu as escondidas da família, sob os olhares afetuosos e cúmplices da madrinha Isaura Costa, que vigiava para que ninguém ficasse sabendo dos encontros, que duraram seis meses.

“Eu estava cansada de me encontrar com ele às escondidas. Então, perguntei se tinha coragem de assumir o noivado comigo de novo. Não precisava pedir para ninguém, eu já era maior de idade”, foi o ultimato de Arlinda. Funcionou. Eles ficaram noivos novamente.
“Quando eu via a Nina meu coração dava umas aceleradas. Sabia que era com ela que eu iria me casar”, disse Zezé. O casamento aconteceu em 12 de abril de 1956, dia em que, segundo o noivo, foi o mais feliz da vida dele.

Após o casamento, as festas continuaram, porém Zezé estava sempre acompanhado da sua esposa Arlinda. Até mesmo quando os filhos vieram, Lemart e Lenard, nos bailes em que Zezé tocava, todos iam.

Cinqüenta e três anos depois do casamento, ambos com 74 anos de idade, aproveitam os momentos livres que a aposentadoria proporciona vivendo um para o outro. Também participam das atividades da Unidade de Atendimento ao Idoso (UAI) e das Paróquias de Nossa Senhora D’Abadia e São José.

“Eu não sei dar um passo sem o Zezé. Quando fico longe dele, parece que falta um pedaço de mim. Eu fico perdidinha”, finaliza Nina.

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Reportagem feita para a disciplina de Redação Jornalistica, ministrada no 4º Periodo do Curso de Comunicação Social - habilitação para Jornalismo. Orientada pela professora Indiara Ferreira.

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